Cesar & Afonso

Cesar & Afonso
Nóiz no Som da Viola

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Casa (Lourival dos Santos/Moacyr dos santos/Tião Carreiro)

Fiz uma casa gostosa e também muito bacana
Tijolo da minha casa é rapadura baiana
O encanamento da casa eu fiz de cana caiana
Instalação de cambuquira e as torneiras de banana
Ajuntei favos de mel fiz as portas e venezianas

Os caibros e as vigotas eu fiz tudo com torrão
Os pregos eu fiz de cravo e as ripas de macarrão
No lugar que vai concreto botei tutu de feijão
Também fiz a caixa d'água inteirinha de melão
Cobri toda minha casa com alface e almeirão

Estuque da minha casa fiz tudo com goiabada
Rodapé fiz de bolacha e os taco de cocada
O azulejo da casa pedaço de marmelada
Assentei com chantely rejuntei com bananada
Botei focinho de porco no lugar que vai tomada

Reboquei a casa inteira com creme de abacate
També fiz o cimentado na base do chocolate
A luz eu fiz de ameixa e o globo de tomate
Preparei a tinta boa caprichei no arremate
Minha casa foi pintada com groselha e chá mate

O nosso custo de vida dia a dia só piora
Se a fome me apertar tem a casa que me escora
Eu convido as crianças e também minha senhora
Nóis passa a casa pro bucho no prazo de poucas horas
A casa fuca por dentro e nóis vamos ficar por fora

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Boate Azul (Mato Grosso e Mathias)

Doente de amor procurei remédio na vida noturna Com a flor da noite em uma boate aqui na zona sul A dor do amor é com outro amor que a gente cura Vim curar a dor desse mal de amor na boate azul E quando a noite vai se agonizando no clarão da aurora Os integrantes da vida noturna foram dormir E a dama da noite que estava comigo também foi embora Fecharam se as portas, sozinho denovo tive que sair Sair de que jeito, se nem sei o rumo para onde vou Muito vagamente me lembro quem sou em uma boate aqui na zona sul Eu bebi demais e nao consigo nem lembrar se quer Qual era o nome daquela mulher a flor da noite na boate azul

terça-feira, 22 de março de 2011

O Boi Cigano (Tião Carreiro/Peão Carreiro)

Na cidade de Andradina com a boiada eu fui chegando
Eu tava só com seis peão, oitocentos bois nóiz vinha tocando
Com esse gadão de raça naquela praça eu fui travessando
O ponteiro ia adiante com o berrante ia repicando

No meio dessa boiada eu levava um boi por nome cigano
O mestiço era valente por onde andava fazia dano
Ganhei o boi de presente na negociada dos cuiabanos
Já vinha recomendado pra ter cuidado com esse tirano

O comprador desse gado na estação já estava esperando
Pra fazer o pagamento depois do embarque dos cuiabanos
Soltei os boi na mangueira e gritei pros peão já pode ir embarcando
Embarquemo os pantaneiro e no mangueiro ficou o cigano

Chegou naquela cidade o grande circo sul africano
Uns homens com o proprietário a respeito o boi tava conversando
Insultou - me numa briga do leão feroz e o cuiabano
Batí vinte mil na hora e jogos por fora estava sobrando

O circo estava lotado e dado momento estava chegando
Quando as feras se encontraram eu vi que o mundo ia se acabando
Uns gritavam de emoção e outros de medo estava chorando
Em vinte minuto o leão assentou no chão e ficou urrando

O leão é o rei das feras
Na selva ele é o soberano ai, ai...
Com sentimento seu dono
Entregou o trono pro meu cigano ai, ai...

terça-feira, 15 de março de 2011

Meu Jeito de Viver na Solidão

Eu não pensei que um dia ficaria sem você
Jamais me preparei pra te perder
Jamais me preveni pra despedida
Enlouqueci sentindo o momento aproximar
Eu quis não ter ouvidos pra escutar
A hora do adeus e da partida

Eu nunca mais me consertei pra ser feliz
Só procurei compreender a despedida
Perdi a conta dos amores que eu não quis
Pra ocupar o seu lugar na minha vida

Não consegui amar a mais ninguém como eu te amei
Amores que vieram afastei
E fui acostumando o coração
Eu estou bem, aos trancos e barrancos me firmei
No fim eu acho até que já peguei
Meu jeito de viver na solidão

Eu nunca mais me consertei pra ser feliz
Só procurei compreender a despedida
Perdi a conta dos amores que eu não quis
Pra ocupar o seu lugar na minha vida

sábado, 12 de março de 2011

Com Deus na Frente(Tião Carreiro e Pardinho)

O poder de Deus é grande é força que não esgota

Eu ando com Deus na frente pro azar não dou pelota

Vou colado com a sorte igual caibre na vigota

Dei um chute na miséria fiz ela virar cambota



Eu ando com Deus na frente achei o ninho da nota

Meu dinheiro vai pro banco funcionário empacota

O gerente é gente fina é seda que não desbota

Quem tem um gerente amigo não cai na mão de agiota



Eu ando com Deus na frente eu ando na maciota

Eu planto na terra seca sem chuva semente brota

Tiro água do deserto seco lagoa na grota

Fiz um bando de urubú virar um bando de gaivota



Meu pagode é linha reta não sai um palmo da rota

A mão direita ponteia dança os dedos na canhota

O meu peito é uma jamanta que não transporta derrota

Lotadinha de sucesso desce a serra e não capota

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Rastros na Areia

O sonho que tive esta noite
Foi um exemplo de amor
Sonhei que na praia deserta
Eu caminhava com Nosso Senhor

Ao longo da praia deserta
Quis o senhor me mostrar
Cenas por mim esquecidas
De tudo que fiz nesta vida
Ele me fez recordar

Cenas das horas felizes
Que a mesa era farta na hora da ceia
Por onde eu havia passado
Ficaram dois pares de rastros na areia
Então o Senhor me falou
Em seus belos momentos passados
Para guiar os seus passos
Eu caminhava ao seu lado

Porém minha falta de fé
Tinha que aparecer
Quando passavam as cenas
Das horas mais tristes de todo meu ser

Então ao Senhor reclamei
Somente meu rastro ficou
Quando eu mais precisava
Quando eu sofri e chorava
O Senhor me abandonou

Naquele instante sagrado
Que ele me abraçou - me dizendo assim
Usei a coroa de espinhos
Morri numa cruz e duvidas de mim
Filho esses rastros são meus
Ouça o que vou lhe dizer
Nas suas horas de angustias
Eu carregava você

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Dever de um Médico (Tião Carreiro e Pardinho)

Minha casa é de caboclo mas mora a felicidade
Encontrei a preferida rainha da minha vida
Com ela eu sou tão feliz, assim o destinho quis
No jardim do nosso amor nasceu uma linda flor
Com cinco anos somente menina ficou doente
Sofrendo uma grande dor....
Em altas horas da noite...
Mandei chamar o doutor...

Eu mandei meu camarada lá em sua residência
De volta o rapaz dizia que atender-me não podia
Eu fiquei desesperado, mandei de volta o empregado
Virou nos pés do cavalo dava trovões e estalos
Mas trouxe o doutor consigo tirando a do perigo
Convidei pra pernoitar...
Me disse que tinha pressa...
Necessitava voltar...

Vendo minha filha salva, fui com ele até sua casa
Vi tanta gente só vendo, dia estava amanhecendo
Eu disse a ele contentem senhor tem muitos clientes
Não é verdade doutor, vi nele profunda dor
Suas lagrimas brotou, sem resposta me deixou
Fiquei suspenso no ar...
Pôs a mão nas minhas costas...
Me convidou pra chegar...

Quanto entrei em sua casa que passei a compreender
Triste surpresa eu tive, quando vi não me contive
Enquanto o doutor sofria, tinha perdido uma filha
Quantos pêsames lhe dei, franqueza, também chorei
O doutor me agradeceu e depois me respondeu...
O quê que vamos fazer...
Eu fui salvar sua filha...
Para cumprir meu dever...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Poder do Criador (Goiano & Paranaense)

Hora triste foi aquela
Que Jesus Cristo falou
Mãe está chegando a hora
A senhora fica e eu vou

Com certeza mãe e filho
Neste momento chorou
Hora triste e dolorida
Porque a dor da despedida
Só conhece quem passou

Maria disse meu filho
Faz tudo que o Pai mandou
pra salvar a humanidade
Ele lhe determinou

Com as lágrimas caindo
O seu rosto ele beijou
Pra cumprir a profecia
Naquele instante o Messias
Todo pecado abraçou

Nas margens do rio Jordão
Jesus Cristo caminhou
Para encontrar João
Aquele que testemunhou

O encontro foi tão lindo
Que o povo se emocoinou
Também foi nessa visita
Que nas mãos de João Batista
Jesus Cristo batizou

Na mesa da Santa Ceia
Jesus Cristo ordenou
Ensine os meus mandamentos
Que onde está meu Pai eu vou

Se o mundo lhes odiar
Também já me odiou
Faça o bem sem ver a quem
A sua reconpensa vem
É o que Jesus profetizou

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Amor e Saudade

Eu passei na sua terra, já era de madrugada
As luzes da sua rua estavam quase apagadas
Fiquei horas recordando a nossa vida passada
O tempo do nosso amor que se acabou tudo em nada

A sua casinha triste estava toda fechada
E no varal do alpendre umas roupas penduradas
Conheci no meio delas sua blusa amarelada
Aumentou minha saudade... Eiita vida amargurada

No tempo que nóis se amava eu fiz muita caminhada
Chegava na sua casa mesmo sendo hora avançada
Você de casaco preto vinha toda enamorada
Ali nós dois se abraçava sem que ninguém visse nada

Mas no mundo tudo passa a sorte é predestinada
Você se casou com outro e eu segui minha jornada
Deixei você me ascenando lá na curva da estrada
Adeus cabocla faceira... Rosa branca perfumada...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Olhos Claros

Já faz mais de doze anos
Que fui preso e estou pagando
Por um crime que eu cometi
Olhos verdes com ternura
Me levaram a loucura
E por isso estou aqui
Alguém vive lá de fora
Contando minuto e hora
Pra me ver em liberdade
Esse alguém não sei porque
Não quer mais me ver sofrer
E gosta de mim de verdade

Deus ouviu minhas preces e me atendeu
Em graça e sabedoria criança cresceu

Domingo no mesmo horário
Um homem de olhos claros
Veio aqui me visitar
De gravata e barba feita
Traz em sua face perfeita
Esperança no olhar
Como se fosse um amigo
Ele fica aqui comigo
E me faz bem vê-lo ficar
Uma hora me olhando
Com os olhos lacrimejando
Diz que vai me libertar

Deus ouviu minhas preces e me atendeu
Em graça e sabedoria criança cresceu

Um dia no mesmo horário
O homem de olhos claros
Novamente apareceu
Disse eu vim pra te buscar
Você vai me acompanhar
Sou advogado seu
Minha mãe já me contou
Que um dia você matou
Só porque amou demais
Eu sou aquela criança
Seu filho sua esperança
Vim te libertar meu pai

Deus ouviu minhas preces e me atendeu
Em graça e sabedoria criança cresceu

Hoje estou em liberdade
Mas confesso na verdade
Ainda continuo preso
Nas lembraças do passado
Ainda estou acorrentado
E aprisionado pelo medo
O homem de olhos claros
Que com pensamentos raros
Me tirou desta prisão
Tinha nos olhos um brilho
Este homem é o filho
Que eu pedi em oração

Deus ouviu minhas preces e me atendeu
Em graça e sabedoria criança cresceu...