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Viola minha viola, cavalete do pau preto
Morro com você nos braços, de joelho lhe prometo
Viola minha viola de jacarandá e canela
Na alegria ou na tristeza vivo abraçado nela
Minha viola divina, eu ganho a vida com ela
O quadro da Santa ceia, doze apóstolos tem
Minha viola não é Santa, tem doze cordas também
Doze meses tem o ano, doze horas tem o dia
Doze horas tem a noite, esta noite é de alegria
Esta viola divina, já me deu o que eu queria
Não aprendi fazer guerra na escola de cantoria
Fazer guerra é muito fácil, quero ver fazer poesia
Com esta viola divina, um pedido vou fazer
Para Deus matar a morte, pro cantador não morrer
Enquanto existir viola, cantador tem que viver
Até no ano dois mil se uma viola só existir
Garanto vai ser a minha que não paro de tinir
O cantador sem viola, na carreira nada tem
Minha viola é divina, das mãos de Deus é que vem
Quem não gosta de viola não gosta de Deus também
Quem é bom já nasce feito , quem é ruim só atrapalha
Eu bato logo no burro e não bato na cangalha
Entrei numa guerra dura, fiz virar fogo de palha
Fiz virar cartão de prata, punhal, espada e navalha
Bala bateu no meu peito derreteu virou medalha
Pra dar fim na minha vida prepararam uma cilada
Foi a noite num banquete com champanhe envenenada
Deus é pai não é padrasto, ganhei mais uma parada
a taça que era minha foi parar em mão trocada
Quem me preparou veneno foi morrer na madrugada
Eu recebi um presente numa caixa de sapato
Uma cobra venenosa que pegaram lá no mato
É dessas cobras que morde quando não aleija mata
O meu nome é sete flechas nó que eu dou ninguém desata
Bati o olhos na cobra transformei numa gravata
Fui passear na casa dele desse jeito ele falou
Meu Deus que gravata linda, na gravata ele pegou
A gravata deu um bote que na mão dele ficou
A gravata lhe mordeu, foi a cobra que ele mandou.
As flores quando é de manha cedo, com seu perfume no ar, exala
A madeira quando está bem seca, deixando no sol bem quente, estala
Dois baianos brigando de facão sai fogo quando o aço, resbala
Os namoros de antigamente, se espiava por um buraco na sala
As pessoas que são muda e surda, é por meio de sinal que fala
Os granfinos de antigamente, quase que todos usavam bengalas
A mochila do peão é um saco, a coberta do peão é o pala
Os casamentos da roça tem festa, ocasião que o pobre se arregala
Preste atenção que o reio doe mais, é aonde ele pega a tala
Divisa de terra antigamente, não usava cerca era vala
Naturalmente um bom jogador, todo jogo ele está na escala
Uma flor é diferente da outra, pro cuitelo seu valor iguala
Caipira pode estar bem vestido, ele não entra em baile de gala
Pra carregar o fuzil tem pente, garrucha e o revolver tem bala
O valentão está arrastando a asa, mais quando vê a polícia cala
Despista e sai devagarinho, quando quebra a esquina e abre ala
A baiana pra fazer cocada principalmente o coco se rala
No papel o turco faz rabisco e diz que escreveu abdala
As pessoas que morrem na estrada, por respeito uma cruz assinala
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